sábado, 4 de junho de 2011
EM REFLEXÃO (III)
Há uns tempos, o presidente da República discursou sobre a «necessidade de práticas legislativas que castigassem a obesidade e a falta de saúde dos portugueses». Na altura critiquei a obsessão legislativa, mas hoje compreendo a tendência - em Portugal, além da obesidade, há demasiada gente à solta a legislar, convencida de que vai mudar o mundo por decreto. Seja como for, e mesmo tendo razão, é necessário avisá-los sobre o tom que adotam nas suas mensagens: além de evangelizador (que já irrita) pode ser malcriado. Veja-se o caso do presidente da Sociedade de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo que ontem recomendava «medidas de saúde pública muito agressivas» para combater a obesidade. O que ele defendia era «mudar as mentalidades e a própria cultura», o que é todo um programa que vem do princípio dos tempos e que periodicamente nos assalta como uma ameaça. Como se vai mudar o mundo? «Acabar com a ingestão de gorduras, de álcool, com o assado de domingo, os rissóis e o pão com manteiga.» Logo o assado de domingo e os rissóis, justamente. Esta gente pode ter razão, mas não tem juízo nenhum. (24.1.08) Francisco José Viegas
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